sábado, 10 de abril de 2010

MIL VEZES

MIL BANDAS
MIL BUNDAS
MIL ÂNUS
MIL ANOS
MIL IDAS
MIL VINDAS
MIL ONDAS
MIL BOMBAS
MIL ARMAS
MIL BALAS
MIL SUSPIROS
MIL ALMAS
MIL ROSAS
MIL PÉTALAS
MIL PEDRAS
MIL CAMINHOS
MIL VINHOS
MIL COPOS
MIL PRATOS
MIL NOITES
MIL CORPOS
MIL CAMAS
MIL MULHERES
MIL TALHERES
MIL FRUTAS
MIL BISCOITOS
MIL COITOS
MIL PUTAS
MIL ORGASMOS
MIL ORQUÍDEAS
MIL LUAS
MIL LÁGRIMAS
MIL PALAVRAS
MIL IDÉIAS
MIL MANEIRAS
MIL JANELAS
MIL ESTRELAS
MIL BUQUÊS
MIL FLORES
MIL SONHOS
MIL CANÇÕES
MIL SONS
MIL TONS
MIL CORES
MIL AROMAS
MIL AMORES
MIL PAIXÕES
MIL POESIAS
MIL VERSOS
MIL BEIJOS
MIL VIAGENS
MIL IMAGENS
MIL FOTOS
MIL FATOS
MIL FETOS
MIL AFETOS
MIL VIDAS
MIL EFEITOS
MIL FEITOS
MIL FOLHAS
MIL LIVROS
MIL DONS
MIL DORES
MIL PROBLEMAS
MIL PROMESSAS
MIL DÍVIDAS
MIL CORAÇÕES
MIL VEZES
MIL TON

LIMITE DE TUDO

Idade que invade o inferno,
Sem pavor ou dor.
Idade do cio, que anda
No fio da navalha.
No meio-fio da rua, da vala,
No meio da erva,
Na merda.
Que idade danada,
Que não tem medo de nada!
Que sofre e sorri,
Que chora e canta.
Que não dorme e não cansa.
Que cio é esse,
Feroz e macio,
Mortal e gostoso,
Selvagem e voraz?
Que sexo...
Doce, salgado, temperado.
No meio-fio da vida.
No limite de tudo.
Esta touca transparente e louca,
É um traje a rigor.
Entre a cruz e espada,
Chupar bala embrulhada ou
Bala no tambor,
Numa roleta russa
Que idade danada!
É tudo ou nada.

VAGÃO VAZIO

Dias passando pela minha vida,
Como quem não quer nada.
Vida vadia.
Páginas viradas, algumas em branco,
Outras bem negras.
Vida passando bem vazia,
Como um vagão vazio,
Sem rumo, sem ritmo, fora do trilho.
Dias passando em vão.
Vão adiante os anos...
Diante dos meus olhos hipnotizados,
Do coração vazio, vago, dormente.
E os dias, já não passam somente,
Carregam semanas, meses, anos...
E voam, diminuindo o meu tempo.
Como uma contagem regressiva,
Como quem não quer nada,
Como quem quer tudo...
Vida vazia, que passa vadia.
Dia que adia a morte.
Dia após dia, vida pós vida.
Como uma locomotiva, emotiva,
Numa contagem agressiva,
Que apela, atropela, machuca e mata.
Ontem eu era uma criança,
Cheia de esperança.
Hoje acordei velho,
De um pesadelo,
Vazio da tal esperança
Com o tempo contado.
E pequeno como uma criança.